quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Sou Cláudia Moreira

Olá, meu nome é Cláudia Moreira, sou formada em Artes Cênicas, Bacharelado,  pela Universidade de Brasília (2000) e em Direito pelo CEUB (1997). Meu interesse pelo teatro começou na adolescência, fui convidada por amigos a fazer uma oficina de teatro na Casa do Candango, num curso que se chamava Cena, lá foi o meu primeiro contato com os jogos teatrais, improvisação, leitura de textos dramáticos,  montagem de pequenas esquetes, cenografia, figurino, iluminação, espaço cênico, era um curso bem completo que durou uns dois anos, todos os meus amigos foram desistindo ao longo do curso e somente eu permaneci até o final, ali eu já havia percebido uma paixão pela interpretação e também recebi grande estimulo dos professores a continuar estudando artes.
Com o término desse curso veio também o vestibular e não passava pela minha cabeça cursar Artes Cênicas uma vez que nem sabia da existência de um curso superior nessa área e também porque até o momento o teatro era apenas um hobby para mim. Assim, por influência do meu pai prestei vestibular para Direito no CEUB e também para jornalismo na UNB. Iniciei o curso de Direito no segundo semestre de 1992 mas ainda me sentia insatisfeita, o curso de Direito não preenchia o meu lado mais criativo e lúdico que fora estimulado ainda criança por influência da literatura, assim que aprendi a ler me tornei uma leitora ávida, meu pai também é um leitor voraz e sempre estimulou esse meu lado. Foi então que uma amiga que já cursava o curso de Direito na UNB me disse que a Universidade possuia um curso de Artes Cênicas, por insistência dela fiz minha inscrição para o vestibular, escondido dos meus pais uma vez que sabia que a ideia não ia ser aprovada logo de inicio, e decidi que ira contar a novidade somente se fosse aprovada.
Para minha surpresa fui aprovada e então tive que comunicá-los da minha façanha, meu pai se mostrou bastante surpreso mas me deu apoio, já minha mãe, tive que prometer por tudo que era mais sagrado que jamais abandonaria o curso de Direito, que a Artes era somente um hobby, e que não sairia por ai com uma trupe de artistas mambembes pelo mundo a fora.
Foi assim que a o teatro entrou definitivamente na minha vida, passei a cursar os dois cursos concomitantemente, e no tempo livre que me sobrava, que não era muito, me envolvi em todos os projetos que apareciam na Universidade, foi uma fase bastante frutífera, aprendi muito e desenvolvi bastante meu lado intérprete.
 Ainda caloura na Universidade participei do Projeto "O olho da fechadura" (1995) - que reunia cenas de várias obras de Nelson Rodrigues - com direção do Prof Hugo  Rodas, e que fazia parte do Projeto TUCAN - Teatro Universitário Candango, em 1997 fiz parte de um grupo de alunos de Artes Cênicas que convidados pela Professora Brígida Miranda e pelo Professor Marcus Mota, encenamos a pela "Aluga-se", espetáculo que contava as agruras e os deleites da experiência de se dividir um apartamento com amigos e/ou namorado, com texto do Marcus Mota, e foi minha primeira temporada teatral, apresentamos em circuito comercial na salas Vila Lobos e Martins Pena.
Em 1999 fiz parte de um grupo chamado "Teatro de Guerrilha" com direção da professora Brigida Miranda, onde fazíamos um teatro politico, mais voltado para questões sociais, politicas e econômicas, foi uma experiência maravilhosa, onde criamos diversas performances, produzimos textos e ousamos sair das salas de teatro e nos apresentar na rua, foi minha primeira experiência com teatro de rua, realmente um desafio! Nesse período, no auge das privatizações do governo FHC, criamos a esquete "Mc Student Program" que fazia uma dura critica ao ensino rápido e sem conteúdo, voltado somente para produzir diplomas e profissionais despreparados, com esse trabalho passamos por diversas Universidades pelo Brasil, apresentamos em escolas, congressos, foi um trabalho que teve longa duração e gerou muitos debates sobre a questão, trabalhamos com personagens curingas, e basicamente todos os atores eram capazes de fazer todos os personagens, o que também nos proporcionou uma rica experiência como interpretes.
Neste mesmo ano fui convidada pela coordenadora de um projeto de pesquisa do  Departamento de Direito da UNB a realizar uma oficina de teatro com os alunos de Direito, o objetivo do projeto era encenar textos que possuíam uma temática jurídica e usar o teatro como instrumento pedagógico para os profissinais da área do Direito, trabalhar com eles a capacidade de se colocar no lugar do outro, de se perceber não só como aplicador de leis mas também como um profissional que percebe o outro, foi uma experiência maravilhosa tanto para mim quanto para eles, pudemos descobrir juntos diversas possibilidades de problematizar questões jurídicas e como coloca-las em cena em corpos que não eram de atores, mas de amadores que se descobriram também apaixonadas pelo teatro, alguns deles ficaram tão apaixonados que abandonaram o curso de Direito e foram para o Cinema. 
Com eles iniciei minha experiência como diretora e montamos "Gota d'Agua" de Chico Burque, "Medida por Medida e O Mercador de Veneza, de Shakespeare.
Em 2000 terminei minha graduação da UNB, e o projeto de diplomação foi dirigido pela Professora Simone Reis, a peça era "Se eu fosse uma rainha", baseado no texto de Schiller, Mary Stuart, eramos somente quatro mulheres em cena e por isso optamos por um texto que falasse do universo feminino, foi bastante intenso porque tínhamos que escrever uma monografia que refletisse sobre o processo criativo do trabalho ao mesmo tempo em que estávamos trabalhando nele, bem como produzir a peça, ficamos em cartaz na 508 Sul.
De 2000 à 2003 fiz parte do grupo "O Hierofante" de Humberto Pedrancini, apresentei as peças "O primeiro Milagre" de Dario Fo, e a "A Farsa da Caravela Maluca" de José Mapurunga, o primeiro um espetáculo de rua, e o segundo entramos em circuito comercial no teatro da Caixa, essa minha passagem por esse grupo me trouxe uma experiência mais profunda com métodos de treinamento para o ator, desenvolvi diversos treinamentos, muitas horas por dia, e foi a época que vivi mais intensamente o fazer teatral.
Em 2001 apresentei "Mahagonny" de Brecht, com direção de Hugo Rodas, também um projeto do TUCAN, e foi a primeira vez que participei de um espetáculo musical. 
Em 2005, fazendo parte do grupo "Mundim" , grupo esse formado por colegas que conheci na Universidade, e com grande interesse pelo Teatro do Absurdo propus aos meus colegas que montássemos um trabalho baseado no texto "A Lição" e Ionesco, foi assim que nasceu "O Facilitador", sem apoio financeiro, produzimos todo o trabalho com dinheiro próprio e acabamos excursionando o Brasil e ganhando diversos prêmios em vários festivais.
Em paralelo construi uma carreira na área jurídica, atualmente, trabalho na Procuradoria Geral da República, na área de Direito Penal, terreno fértil para debates e estudos relacionados a política criminal, ressocialização, reintegração e humanização do preso. 
Penso que o teatro pode ajudar muito como instrumento para tais objetivos, mas também me interesso muito pelo universo lúdico dos contos infantis, como estou inscrita na matéria como aluna especial ainda estou pesquisando qual tema objeto do meu estudo, mas inicialmente, gostaria de trabalhar os arquétipos contidos nos contos infantis, mais precisamente no conto "Alice no Pais das Maravilhas" uma vez que já foi tema de um estudo meu em uma das disciplinas que cursei na UNB, como trabalhar esses arquétipos no corpo do ator, como traze-los para a cena, tendo em vista que em minhas pesquisas  percebi uma carência de estudos sobre textos infantis voltados para um publico adulto, a maioria dos estudos de contos e textos infantis são realizados por profissionais da área de psicologia ou educação, como trabalhar as imagens e arquétipos que esses textos trazem e ao mesmo tempo a moralidade e cunho pedagógico neles contidos?




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Um comentário:

  1. Legal, Cláudia. Suas muitas questões e experiência além da cena serão bem úteis para a turma. abs.

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