FRANCISCO ROBERTO DE FREITAS
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robertofreitas04@gmail.com
Considero
que comecei realmente a estudar dança a partir de meus 17 anos, no segundo
semestre de 1990, quando, através de teste seletivo, ingressei no grupo Balé Popular
do Piauí - BPP.
Logo
em seguida, início de 1991, também ingressei no curso de balé clássico da
Escola de Dança do Estado do Piauí - EDEP e, ao mesmo tempo, influenciado por
filmes tais como "Flash dance" e "Os embalos de sábado
continuam", comecei a dançar com o grupo da Escola Técnica Federal do
Piauí - ETEFPI, onde conheci muitos companheiros de dança, que atuam até os
dias de hoje.
Enquanto
na EDEP aprendia sobre a técnica clássica, no BPP e na ETEFPI comecei a
desenvolver um pensamento eclético por meio de aulas com gêneros de dança
diferentes tais como: folclore, jazz dance, dança moderna ou
"moderno-contemporânea", como me foi apresentada, dentre outras
linguagens que foram chegando e somando-se
àquela formação.
Em
1991 e 1992 participei de um grupo chamado "Vício de Dança" que,
coordenado pelo coreógrafo cearense Waldemar Queiroz, com forte influência do
trabalho de Victor Navarro, apresentava diferentes e atrativas formas de se
mover. Tal vivência me proporcionou uma aceleração no aprendizado
técnico-interpretativo uma vez que, dentre outras, o grupo era muito
requisitado para apresentações.
Em
1993, com o fim do grupo Vício de Dança, fui convidado por Sidh Ribeiro a
compor o elenco que deu origem ao Balé da Cidade de Teresina - BCT, através do
qual tive contato, in loco, com a
dança produzida no Brasil e no mundo. Através, inicialmente, das participações
do BCT em festivais de dança pelo Brasil com dança contemporânea, linha de
trabalho do BCT, pude vivenciar técnicas tais como: contato improvisação,
release e fly low, além de seguir com os estudos da técnica clássica.
A
este tempo impulsionado pela ideia de um artista completo, estudei também:
teatro, canto, violino, um curso de língua inglesa e um ano de língua francesa.
Desde 1994 comecei a ministrar aulas de dança para crianças, em uma academia
particular de Teresina, e posteriormente para cidades próximas, do Piauí e do
Maranhão, chegando a trabalhar também em projetos sociais.
Com
o intenso e crescente intercâmbio de informações proporcionado pelas viagens,
chegando inclusive a ser destaque (1999), e melhor grupo (2000) no Festival de
Joinville, a ideia de que meu caminho profissional era a dança tornava-se
claro. Entre os anos de 1996 a 2000, além de meus professores conterrâneos, com
a participação em festivais competitivos ou em aulas particulares, tive o
prazer de fazer cursos/oficinas com mestres tais como: Tatiana Leskova,
Fernando Fabri, Angela Nolf, Tony Abbot, Jair de Morais, Hugo Travers, Valeria
Mattos, Toshie Kobayashi, e mais, Mirian Druwe, Roseli Rodrigues, Mario
Nascimento, Marcelo Evelin, Helda Seró, Gylian Dib (Pilates), Monica Minelli,
Steven Harper, dentre outros. Tais cursos influenciaram a forma de como eu me
relacionava com dança, reforçando um pensamento de profissionalismo, tanto
enquanto bailarino como com a crescente
vontade de participar em outros fazeres na dança, tais como: coreógrafo,
professor, coordenador de grupo, etc.
Na
impossibilidade de estudar dança a nível superior em Teresina, entre os anos de
1992 a 1997 cursei a graduação de Licenciatura Plena em Educação Física, na
Universidade Federal do Piauí, pois era a área disponível que mais se
aproximava do fazer corporal da dança. Tal graduação trouxe inúmeros saberes,
até então desconhecidos, que enriqueceram minha formação tais como: anatomia
corporal, fisiologia do movimento, biomecânica, dentre outros, os quais eu fui,
aos poucos, relacionando com os gêneros de dança e aplicando-os no meu fazer
diário.
Ao
final do curso, com um currículo enriquecido pelas participações em eventos de
diversas naturezas, tais como: palestras, festivais, congressos, encontros e
simpósios, e através de processo
seletivo, ingressei na UFPI como professor substituto, permanecendo como
docente daquela instituição entre os
anos de 1998 a 2000. Tal vivência trouxe outras perspectivas para o estudo da
dança, pois, estando responsável pelas disciplinas de dança e rítmica, além da
então GRD - Ginástica Rítmica Desportiva, tive que redimensionar o enfoque que
era dado àquela atividade, naquele meio, que não era composto, nem em 10%, por
profissionais ligados à área da dança.
Compelindo-me
a atrasar meus planos de estudo para mestrado, a partir de 2000, ingresso como
professor de educação física efetivo, concursado, na rede pública municipal de
ensino de Teresina onde inicio um trabalho de dança, enquanto educação física
escolar, cujo principal objetivo, a luz de autores como: CLARO (1995),
FAHLBUSCH (1990), FREIRE (1992), SAMPAIO (1996) e NANNI (1995 e 2003), dentre outros, era o de
aliar o fazer artístico ao educativo e social, em prol da formação de um 'corpo cidadão' (grifo nosso), um
cidadão desenvolvido em sua relação
indivíduo/sociedade (MORIN, 2002). A turma inicial transformou-se, no ano
de 2005, em um grupo, Cordão Grupo de Dança - CGD, cuja programação aliou-se ao
projeto político-pedagógico da escola para a educação integral de crianças e
adolescentes do bairro Renascença III, de Teresina, tendo sido ampliado nos
dias de hoje para toda a comunidade e não só os alunos e alunas da própria
escola.
Em
2003 cursei uma pós graduação que, pela oferta local e necessidade do momento,
novamente não foi diretamente relacionada a área artística e sim à educativa.
Embora em meu trabalho prático eu estivesse ininterruptamente produzindo dança,
pós graduei-me em 'Metodologia de Ensino fundamental, médio e superior',
apresentando como trabalho de conclusão: A
Dança e seu potencial educativo, que, através de pesquisa in loco, e
embalado por autores como VERDERI (1998), ARAUJO (1996) e os PCN (1998), além
dos já citados anteriormente, coloquei em pauta a reflexão de que a falta de
utilização da dança nas escolas públicas, como já era previsto nos PCN
(Parâmetros curriculares Nacionais), tinha sua principal causa na falta de
(in)formação dos professores de educação física, aos quais era, e ainda hoje é,
imputada tal responsabilidade.
Com
a pós graduação e o reconhecido trabalho desenvolvido, tanto artístico quanto
educativo, os anos de 2005 a 2010 foram marcados pela minha necessária transição
de artista bailarino para outras funções tais como: professor, coreógrafo,
ensaiador, produtor e diretor, ao mesmo tempo do Balé da Cidade de Teresina e
do Cordão Grupo de Dança, o que de pronto me compeliu a procurar outros
enfoques.
Em
2008 deixei a direção do BCT e fui convidado a prestar seleção para o Centro
Universitário UniNovafapi, onde fiquei como professor das disciplinas: dança,
Ginástica Rítmica e estágio supervisionado, do curso de Bacharelado em Educação
Física, até o ano de 2010. Neste meio tempo também assumi, através de processo
seletivo público, a direção Artística da EDEP, permanecendo neste cargo durante
os anos de 2008 e 2009. Em 2011, a convite da Presidência da Fundação Municipal
de Cultura Monsenhor Chaves retornei à direção do BCT onde permaneci até
fevereiro de 2014.
Impulsionado
pela falta de registro da produção em artes no estado do Piauí, e embalado
pelas comemorações de 20 anos do BCT, em 2013, em parceria com o jornalista
Flávio Brebis, escrevi o livro "Ousadia - 20 anos de história do Balé da
Cidade de Teresina" (ISBN 978-85-916010-0-4). Esta publicação bilíngüe
(português - inglês), de 302 páginas foi lançada em fevereiro de 2014, marcando
também minha saída da direção daquela companhia.
Em
2014, decidi dedicar-me mais ao trabalho junto ao CGD, até pois, com um projeto
aprovado pela Secretaria Municipal da Juventude, de Teresina, desde 2014,
coordeno a Estação Cordão de Cultura que ofertou, em 2014, aulas gratuitas de:
canto, dança e teatro, para jovens teresinenses. Ao todo 15 oficinas de 40
horas/aula para iniciantes, nos três campos artísticos, e dois cursos de 60
horas/aula de aperfeiçoamento em dança, movimentaram a cena de mais de
quatrocentos participantes. Já em 2015, além dos citados anteriormente,
conseguimos ampliar com oficinas de fotografia e passarela (modelo).
Como
produção artística continuada destaco ainda a coordenação de dois eventos
consolidados em mais de uma década de realização, sem interrupções: primeiro, a
Jornada Cultural do Colégio Lavoisier (iniciativa privada), que coordenei
durante 16 anos (1999 - 2014) e, segundo, o FAST - Festival Artístico e Show de
Talentos da Escola Municipal Porfírio Cordão, que idealizei e coordenei durante 11 anos (2004 - 2014).
Ao longo destes anos, mesmo não sendo
o foco do trabalho realizado mas, aceitando como um endosso de qualidade das
obras por mim criadas, com o CGD consegui em 10 anos (2004 - 2015) conquistar
52 prêmios em festivais de dança, dentre estes, 09 em nível norte nordeste e 04
em nível internacional.
Dentre
os vários eventos que participei nos últimos anos destaco as Conferências
estadual e Nacional de Cultura nas quais participei como delegado eleito.
Através
do trabalho que vem sendo desenvolvido com os alunos e alunas, integrantes do
CGD, observo que, tanto enquanto participante como quando egressos, tornam-se
pessoas com relações mais saudáveis relativas à cidadania em questões tais
como: gênero, sexo, etnia e inclusão, dentre outras. Atualmente procuro
respaldo para tais observações em leituras de autores que escrevem sobre: “educação, diferença, diversidade e desigualdade” (CARRARA, 2008), “dança-educação” (FREIRE,
2001), “corpo e comunicação” (KATS; GREINER, 1998), “o gesto e a dança”
(MARINHO, 2009), "corpo território" e “memória corporal” (NAVAS, 2009/2014), dentre outras.
Minha
inquietude agora se refere à questões tais como: de que forma? até que ponto?
como se processa? a relação entre o ensino da dança e a formação de um
corpo-cidadão, consciente e atuante na sociedade em que vive.
Minhas
habilidades primeiras seriam: facilidade com a lida direto com pessoas -
entrevistas; experiência em organização - eventos, trabalhos, mostras;
registros fotográficos; compreensão razoável da língua inglesa e
disponibilidade para deslocamento - trabalho de campo.
Parabéns, Roberto. Bem completo o seu post, com texto, imagens e links. Uma coisa importante é sempre ter em mente sua própria trajetória. A partir dela, conhecendo-a em suas transformações que novas propostas de pesquisa e criação podem ser realizadas. abs.
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