sábado, 22 de agosto de 2015

POSTAGEM SOBRE A PALESTRA DE MICHAEL FAU III (breve comentário)


A palestra do Michael Fau foi, sim, bem interessante, primeiro por dar a conhecer adaptações de um texto do Faulkner que, particularmente, eu adoro, e por abordar um assunto que nos é comum e conhecido, no sentido de que adaptar material, sobretudo textual, que não é elaborado especificamente para montagens teatrais é algo corrente por aqui, sobretudo, e agora falo de um terreno no qual tenho mais afinidade, quando se trata de espetáculos de dança, para os quais ainda não se escreve (ou há poucas iniciativas nesse sentido), de modo que quando um coreógrafo deseja trabalhar com o texto, ou, primeiramente, com a palavra, é preciso buscar recursos nos textos literários ou extra-literários, ou, por meio de outro recurso, criar o texto a partir do próprio processo criativo. É claro que existiu uma tradição, ligada aos espetáculos de balé clássico, que soube se apropriar "bem" de obras literárias para criar seus argumentos, como Manon Lescot, Carmem, A bela Adormecida, etc. Tradição que persiste ainda hoje, mas que, claro, passa por outra perspectiva de uso do texto, que segue menos o conceito de narrativa tradicional, de contar uma história nos moldes de princípio, começo e fim. A saber, vale lembrar o interessantíssimo trabalho da coreógrafa francesa Maguy Marin, que se baseou na obra de Samuel Beckett, não apenas a dramatúrgica, mas também a literária, para criar o seu MAY B, nos anos 80, e os exemplos podem ser inúmeros, indo de Angelin Preljokaj a Josef Nadj. Apenas lamento que durante a palestra, o diretor Michael Fau não tenha apontado de maneira mais específica e isolada os achados e os recursos para realizar suas adaptações, para além do resultado estético de seus espetáculos, sobretudo no que concernia à adaptação para o espetáculo de dança que estava realizando, o que me interessa mais claramente. Mas deu para sentir o amplo campo de interesse que essa proposta oferece, ainda mais para mim, cuja pesquisa dialoga, de certo modo, com esse ponto de interesse.



Édi.

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