quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Pesquisa bibliográfica - Teses e dissertações II.


Como resultado de minha pesquisa bibliográfica em teses e dissertações encontradas em bancos de teses, analiso, dentro dos parâmetros indicados, três teses de doutorado que, de algum modo, possuem aproximação com minha linha de pesquisa que investiga uma relação específica entre dança e literatura. Apesar de estar em uma pesquisa de mestrado, acabei por analisar teses e não dissertações, por não encontrar , entre essas últimas, trabalhos que se aproximassem do meu objeto.

As teses analisadas são:

A) A presença da corporalidade nos discursos literário e coreográfico. Tese de Aguinaldo Moreira de Souza, na área de Teoria literária e Literatura comparada, pela Faculdade de ciêncicas e letras de Assis – UNESP, 2003.

B) Da literatura para a dança: a prosa poética de Gertrude Stein em tradução intersemiótica. Tese de Daniella de Aguiar, na área de Literatura comparada, pelo programa de pós-graduação em letras da Universidade estadual do Rio de Janeiro – UERJ, 2013.

C) Literatura e dança – duas traduções de obras literárias para o universo do teatro. Tese de Adilson Nascimento de Jesus na área de Psicologia educacional, pela faculdade de Educação da Universidade estadual de Campinas, 1996.

Analisando o conjunto bibliográfico destes trabalhos, é possível perceber, logo em uma primeira abordagem, o desequilíbrio entre as duas primeiras e a última, no que se refere à extensão da pesquisa bibliográfica que, se rica nas primeiras, é quase inexpressiva na de Adilson Nascimento de Jesus. Isso esclarecido em números significa:

A – 150 obras referenciadas; B) 206 obras referenciadas; C) 22 obras referenciadas.

Nas três teses, assim como o proposto em minha pesquisa, os pesquisadores desenvolvem seus objetos sobre obras de escritores específicos, fato que determina o conteúdo de seus corpus bibliográficos, além desta especificidade, levei em consideração, também, o peso das obras tratando de assuntos ligados à literatura (escrita, tradução, linguística, escritores, etc.) e daquelas tratando de questões ligadas à dança (coreografia, história da dança, movimentos estéticos, etc). A partir destes parâmetros, novamente vê-se um desequilíbrio entre A, B e C, sendo a tese C completamente inexpressiva neste sentido, pois não apresenta, por exemplo, nenhuma obra que trate do assunto “dança”, ou seja, a bibliografia não dá conta de um dos principais objetos da tese. O mesmo ocorrendo quando se trata de bibliografia sobre “literatura”, quadro que se ameniza quando se nota que, pelo menos, o pesquisador leu alguns livros dos escritores das obras sobre as quais se propôs investigar, ou seja, Clarice Lispector (6 obras referenciadas) e Jorge Luis Borges (7 obras referenciadas).

Porém, quando analisamos as teses A e B, vê-se um equilíbrio mais de acordo com a seriedade de suas pesquisas. A primeira tese propunha-se trabalhar sobre obras de Jorge Luis Borges e a segunda sobre obras de Gertrude Stein. Vejamos isso em números:

A) Obras sobre Borges –12; obras sobre literatura – 46; obras sobre dança – 25, sendo 4 delas específicas sobre a coreógrafa americana Martha Graham, outro elemento da pesquisa.

B) Obras sobre Gertrude Stein – 42; obras sobre literatura – 50; obras sobre dança – 26.

Nota-se bem que a tese B debruçou-se mais sobre o autor estudado.

No que se refere ao equilíbrio entre o uso de teses, dissertações, livros e artigos novamente a tese C não é representativa, visto que o seu pesquisador apenas serviu-se da plataforma “livro”. A e B novamente repetem o equilíbrio dando peso maior ao livro no total das obras referenciadas. Abaixo uma apresentação dos dados referentes:

A) 120 livros; 25 artigos; 3 dissertações (uma do autor da pesquisa); 2 teses.
B) 126 livros; 53 artigos; 5 teses; 4 dissertações.

Vê-se, com estes números, uma predominância do livro como suporte de pesquisa, o que, acredito eu, deve-se ao fato de que nem sempre outras dissertações e teses dialogam com as especificidades de nossas pesquisas (certamente essa afirmação merece uma pesquisa mais atenta).

Também é possível notar, por meio do corpus bibliográfico dessas duas pesquisas, que há uma predominância de referências estrangeiras: A) 93 obras estrangeiras, 57 nacionais; B) 163 obras estrangeiras, 43 obras nacionais. Essa desproporção pode, nesses dois casos específicos, ter uma ligação com as temáticas escolhidas - dança e literatura - dois objetos onde a teoria e a crítica de fonte estrangeira são fartas, sobretudo quando se trata de dança, tema que ainda dispõe de pouca literatura nacional, pouca reflexão dos artistas daqui, o que, claro, começa a mudar com os programas de graduação e pós-graduação em dança, que permitem o aumento das pesquisas direcionadas a essa linguagem.



 Para concluir, atendo-me à análise das teses A e B, é possível perceber pouca reciprocidade bibliográfica. Apesar do recorte das duas teses ser bastante claro e semelhante, tratando da relação dança/literatura, as duas construíram bibliografias bastante distintas, onde a repetição de obras é minima, por volta de 5 obras em comum, o que talvez se deva, além de outros fatores, à especificidade dos escritores com os quais trabalharam, autores de épocas, estéticas e regiões geográficas bastante distintas, um modernista o outro no universo da literatura fantástica, uma americana o outro argentino, uma mais situada na primeira quinzena do século XX o outro na segunda. Escolas distintas oferecendo problemáticas distintas e exigindo percursos de pesquisa distintos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário