Como
resultado de minha pesquisa bibliográfica em teses e dissertações
encontradas em bancos de teses, analiso, dentro dos parâmetros
indicados, três teses de doutorado que, de algum modo, possuem
aproximação com minha linha de pesquisa que investiga uma relação
específica entre dança e literatura. Apesar de estar em uma
pesquisa de mestrado, acabei por analisar teses e não dissertações,
por não encontrar , entre essas últimas, trabalhos que se
aproximassem do meu objeto.
As teses
analisadas são:
A) A
presença da corporalidade nos discursos literário e coreográfico.
Tese de Aguinaldo Moreira de Souza, na área de Teoria literária e
Literatura comparada, pela Faculdade de ciêncicas e letras de Assis
– UNESP, 2003.
B) Da
literatura para a dança: a prosa poética de Gertrude Stein em
tradução intersemiótica. Tese de Daniella de Aguiar, na área
de Literatura comparada, pelo programa de pós-graduação em letras
da Universidade estadual do Rio de Janeiro – UERJ, 2013.
C)
Literatura e dança – duas traduções de obras literárias para
o universo do teatro. Tese de Adilson Nascimento de Jesus na área
de Psicologia educacional, pela faculdade de Educação da Universidade
estadual de Campinas, 1996.
Analisando o conjunto bibliográfico destes trabalhos, é possível perceber, logo em uma primeira abordagem, o desequilíbrio
entre as duas primeiras e a última, no que se refere à extensão
da pesquisa bibliográfica que, se rica nas primeiras, é quase
inexpressiva na de Adilson Nascimento de Jesus. Isso esclarecido em
números significa:
A – 150
obras referenciadas; B) 206 obras referenciadas; C) 22 obras
referenciadas.
Nas três
teses, assim como o proposto em minha pesquisa, os pesquisadores
desenvolvem seus objetos sobre obras de escritores específicos, fato
que determina o conteúdo de seus corpus bibliográficos, além
desta especificidade, levei em consideração, também, o peso das
obras tratando de assuntos ligados à literatura (escrita, tradução,
linguística, escritores, etc.) e daquelas tratando de questões
ligadas à dança (coreografia, história da dança, movimentos
estéticos, etc). A partir destes parâmetros, novamente vê-se um
desequilíbrio entre A, B e C, sendo a tese C completamente
inexpressiva neste sentido, pois não apresenta, por exemplo, nenhuma obra que
trate do assunto “dança”, ou seja, a bibliografia não dá conta
de um dos principais objetos da tese. O mesmo ocorrendo quando se
trata de bibliografia sobre “literatura”, quadro que se ameniza
quando se nota que, pelo menos, o pesquisador leu alguns livros dos
escritores das obras sobre as quais se propôs investigar, ou seja,
Clarice Lispector (6 obras referenciadas) e Jorge Luis Borges (7
obras referenciadas).
Porém,
quando analisamos as teses A e B, vê-se um equilíbrio mais de
acordo com a seriedade de suas pesquisas. A primeira tese propunha-se
trabalhar sobre obras de Jorge Luis Borges e a segunda sobre obras de
Gertrude Stein. Vejamos isso em números:
A) Obras
sobre Borges –12; obras sobre literatura – 46; obras sobre dança
– 25, sendo 4 delas específicas sobre a coreógrafa americana
Martha Graham, outro elemento da pesquisa.
B) Obras
sobre Gertrude Stein – 42; obras sobre literatura – 50; obras
sobre dança – 26.
Nota-se
bem que a tese B debruçou-se mais sobre o autor estudado.
No que
se refere ao equilíbrio entre o uso de teses, dissertações, livros e artigos novamente a tese C não é representativa, visto que o seu
pesquisador apenas serviu-se da plataforma “livro”. A e B
novamente repetem o equilíbrio dando peso maior ao livro no total
das obras referenciadas. Abaixo uma apresentação dos dados
referentes:
A) 120
livros; 25 artigos; 3 dissertações (uma do autor da pesquisa); 2
teses.
B) 126
livros; 53 artigos; 5 teses; 4 dissertações.
Vê-se,
com estes números, uma predominância do livro como suporte de
pesquisa, o que, acredito eu, deve-se ao fato de que nem sempre
outras dissertações e teses dialogam com as especificidades de
nossas pesquisas (certamente essa afirmação merece uma pesquisa
mais atenta).
Também
é possível notar, por meio do corpus bibliográfico dessas duas
pesquisas, que há uma predominância de referências estrangeiras:
A) 93 obras estrangeiras, 57 nacionais; B) 163 obras estrangeiras, 43
obras nacionais. Essa desproporção pode, nesses dois casos
específicos, ter uma ligação com as temáticas escolhidas - dança
e literatura - dois objetos onde a teoria e a crítica de fonte estrangeira são fartas, sobretudo quando se trata de dança, tema que ainda dispõe de pouca
literatura nacional, pouca reflexão dos artistas daqui, o que,
claro, começa a mudar com os programas de graduação e
pós-graduação em dança, que permitem o aumento das pesquisas
direcionadas a essa linguagem.
Para
concluir, atendo-me à análise das teses A e B, é possível
perceber pouca reciprocidade bibliográfica. Apesar do recorte das
duas teses ser bastante claro e semelhante, tratando da relação
dança/literatura, as duas construíram bibliografias bastante
distintas, onde a repetição de obras é minima, por volta de 5
obras em comum, o que talvez se deva, além de outros fatores, à
especificidade dos escritores com os quais trabalharam, autores de
épocas, estéticas e regiões geográficas bastante distintas, um
modernista o outro no universo da literatura fantástica, uma
americana o outro argentino, uma mais situada na primeira quinzena
do século XX o outro na segunda. Escolas distintas oferecendo
problemáticas distintas e exigindo percursos de pesquisa distintos.
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