sexta-feira, 11 de setembro de 2015

recente trabalho em arquivos (revistas)

COSTA-LIMA NETO, Luiz. Música, teatro e sociedade nas comédias de Luiz Carlos Martins Penna (1833-1846): entre o lundu, a ária e a aleluia. 2014. Tese de Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Música, Centro de Letras e Artes, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
RESUMO A presente tese tem por objetivo esclarecer a dramaturgia musical do comediógrafo e músico Luiz Carlos Martins Penna – noção que engloba tanto o texto teatral como sua performance. O corpus para análise é constituído por doze comédias de Martins Penna, escritas entre os anos de 1833 a 1846, subdivididas em três grupos, por nós denominados Lundu, Ária e Aleluia. O universo sonoro constituído pelo conjunto dos três grupos de comédias abrange gêneros e estilos musicais-coreográficos afro-brasileiros (batuque, fado, lundu, miudinho), do universo popular urbano transnacional (lundu, tirana, quadrilha, marcha, valsa, caxuxa, polca), das modinhas e da ópera italiana, além da música de concerto romântica e do teatro religioso ibérico. Para avaliar os significados múltiplos que as alusões musicais inseridas nos textos das comédias e as performances teatrais adquiriram, a pesquisa desvela a rede da qual faziam parte o autor, os atores, empresários teatrais, editores e o público, entre outros agentes, como as irmandades católicas de negros, a maçonaria e as instituições ligadas ao governo imperial. Utilizamos como fontes principais os textos das comédias de Martins Penna, seus folhetins escritos e publicados no Jornal do Commercio entre 1846 e 1847, além de manuscritos autógrafos, relatos de viajantes, iconografia, partituras e estudos de historiadores. A pesquisa nos periódicos oitocentistas disponibilizada pela Hemeroteca Digital Brasileira possibilitou extensa coleta de dados sobre artistas, gêneros e estilos musicais, danças e instrumentos. Relacionamos o universo sonoro (mousiké) das comédias de Martins Penna aos polos cômicos da tradição teatral Ocidental (estudo de situações e personagens) e aos polos da performance (coro e solo), contemplando a articulação entre os repertórios autorais de Martins Penna e os repertórios dos artistas brasileiros e portugueses, mistos de atores, cantores e dançarinos, que representaram suas comédias. A pesquisa problematiza a noção de autoria e revela a importância da parceria entre escritores teatrais, artistas e editores, por meio da qual as comédias de Martins Penna alcançaram a segunda metade do século XIX e a contemporaneidade. Palavras-chave: Teatro musicado. Música teatral. Martins Penna. Entremez. Ópera cômica.

link: https://www.academia.edu/Documents/in/UNIVERSIDADE_FEDERAL_DO_ESTADO_DO_RIO_DE_JANEIRO_-_UNIRIO

A tese acima acaba de ganhar o Prêmio Capes de melhor tese em Artes.


E não é o que o cara me cita:

(p 41)
Como Mota assinala (2008), o dramaturgo grego era não apenas o autor do texto teatral, mas o compositor e criador de melodias, além de regente dos coros. A dramaturgia musical consistia da articulação das diferenças entre, de um lado, as partes recitadas pelos atores e, de outro, as partes cantadas pelo coro, que marcavam “o ritmo de representação do espetáculo” (MOTA, 2008, p. 77). A mousiké grega abrangia a obra teatral e sua performance, se efetivando “na interação entre o artista-músico-poeta e a audiência” (GENTILI, 1985, citado por MOTA, 2008, p. 23).

(106) 2.3 As performances dos três grupos de comédias de Martins Penna Como Mota (2008, p. 23-24) assinalou anteriormente, a noção de mousiké abrangia não apenas o texto teatral, mas também sua performance. A seguir, definiremos esta noção importante para o tema que estamos enfrentando.

(p. 323)  No presente trabalho defrontamo-nos inicialmente com a dificuldade de definir um objeto de natureza interdisciplinar, no qual se fundem as linguagens sonora e visual. As noções de dramaturgia musical e mousiké (MOTA, 2008; MOREIRA, 2013) ajudaram-nos a colocar em perspectiva doze comédias de Martins Penna, contemplando tanto as menções no texto teatral, como a utilização em cena de recursos musicais, sonoros e coreográficos. As duas noções referidas possibilitaram-nos perceber Martins Penna não apenas como comediógrafo, mas como dramaturgo musical, criador de uma sintaxe híbrida na qual o som, a palavra e a ação estão relacionados inseparavelmente. A noção de dramaturgia musical foi ainda mais adequada ao nosso estudo, porque, como exposto no capítulo I, Martins Penna era músico, pois dominava a leitura e a escrita musical, detinha conhecimentos teórico-práticos sobre registros vocais e instrumentais, andamentos, tonalidades, ornamentação, harmonia e orquestração, além de conhecer as escolas de canto, os enredos das óperas italianas e francesas, seus personagens, cenários, figurinos etc

3 comentários: