terça-feira, 27 de outubro de 2015

Palestra Gilberto Icle: a construção de uma metodologia por meio do processo criativo.



Na última quarta-feira, dia 21 de outubro de 2015, tivemos o prazer de participar de uma palestra com o professor/pesquisador Gilberto Icle. Ele nos apresentou sua pesquisa acerca dos Estudos da Presença e de que maneira ela foi vislumbrada. Como já abordado pelos colegas, Icle especificou os arcabouços teóricos, a utilização da Etnocenologia na pesquisa, de pensamentos de Michel Foucault, a Genética Teatral e o autor Hans Ulrich Gumbrecht.

Mas foi especificamente na prática que sua observação ganhou corpo. A partir de um trabalho de direção e observação com o grupo UTA-Usina do Trabalho do Ator, em Porto Alegre/RS – a maneira como o coletivo se organizava e trabalhava foi o que direcionou alguns entendimentos a respeito da pesquisa. Desta maneira, surgiu a ideia de Noção, empregada por Icle como ferramenta para o embasamento dos estudos da presença. Ela contribui para o trabalho pela perspectiva da análise do processo de criação, uma liberdade em escutar o próprio processo. Ele deixa claro, como essa ideia de Noção pode variar de grupo para grupo, pois é a partir da relação entre as pessoas que compõem o processo, seus objetivos, os referenciais artísticos, que a constituição interna cria seus próprios caminhos e organização.

Deste modo, o que me chamou bastante atenção na palestra, diz respeito a forma que o processo, por meio do caminho utilizado para análise, foi construindo sua própria metodologia. A partir do olhar atento para a prática que estava sendo realizada, com o cuidado em filmar todos os ensaios e depois transcrever todo o material, o grupo se organizou a seu modo, pelo viés do jogo e o entendimento que dele desencadeava. 

Interessante notar, que a ferramenta Noção utilizado por Icle, provém da observação desta prática e dos caminhos que o trabalho exploratório levou todo o grupo. A palavra não é o espaço suficiente para as Noções, o pesquisador assim, salienta a relação que vai além do que é dito, frisa a importância do jogo e do contato espaço/temporal entre os artistas. 

Com isso, após ter participado da palestra de Gilberto Icle e do curso, Introdução ao Pensamento de Michel Foucault, procuro olhar para a minha pesquisa com mais cuidado, tentando ter olhos atentos para o objeto e o caminho metodológico que vou seguir. As provocações propostas por Icle foram múltiplas e instigaram ainda mais a reflexão quanto a esse lugar do pesquisador, e o olhar cauteloso que este deve ter para sua pesquisa. Voltando-se novamente para a importância da prática e do que dela pode desaguar.


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