quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Encontro final quarta passada

Bem encerramos nossos encontros com a apresentação dos dois últimos grupos.
Podemos ver como há uma convergência entre os objetos de observação escolhidos pelos grupos de observação da turma. De fato, a questão da organização dos encontros e interações entre os integrantes dos processos criativos estudados, uso de recursos  exploratórios(improvisações) e a musicalicade efetiva são  pontos em comum.
Sobre o primeiro grupo, a demanda maior por conceptualização está diretamente relacionada a dois fatores: a amplitude e complexidade do objeto mesmo de investigação e o grande envolvimento dos integrantes do grupo na observação. Quanto mais há um investimentos de tempo qualitativo em todas as etapas de observação e processamento do material observados, mais questões e maior definição da recepção.
Um dos grandes tópicos ainda a desenvolver seria o da relação entre texto e processo criativo. Texto é uma das fontes materiais do espetáculo. Há, como foi notado, uma homologia entre a forma de organização do texto base e algumas decisões criativas.  Mas este tópico precisaria ser mais aprofundado com leituras sobre questões de adaptação e relações entre teatro e literatura.  Há um excelente livro sobre isso: Transposing Drama, de Egil  Törnqvist,  e o sempre citado Uma teoria da Adaptação, da Linda Hutcheon.
No mais, como exercício dentro de uma disciplina, o grupo foi mais além do trabalho esperado, produzindo um artigo e um debate bem enriquecedor sobre seu objeto de investigação.


O segundo grupo:
o objeto de investigação demandava uma revisão de expectativas, ou teste de percepção, uma redefinição de estratégias, pois o grupo de observação se situou diante de uma material heterogêneo, entre um trabalho já realizado e outro ainda em processo.
Há a necessidade, em alguns momentos, de ultrapassar uma lógica negativa que vê no improviso ou no ato exploratório algo fortuito ou transcendental.
Outra questão é o da falácia biográfica: tentar explicar os processos pela referência constante a informações da vida do sujeito investigado é transferir o foco da atualidade dos eventos para algo fora do processo criativo que explicaria tudo o que ali acontece. A decorrência da falácia biográfica é o uso de estratégias com causalidade estreita.
Os materiais levantados foram bem significativos, como os vídeos em que Hugo se demora em comentar determinados atos de seus atores. Estes longos momentos são justamente aulas, workshops, demonstrações em que conceito e ação se integram. Esses momentos são o âmago da observação de um processo criativo, pois ali se encontram o evento e seu comentário.
Outro tópico a ser aprofundado é a questão da homologia entre cinema e teatro na condução do processo criativo.
Em todo caso, o grupo demonstrou no tempo em que esteve em contato com seu objeto de observação um esforço vísivel e audível em tentar enfrentar as dificuldades relacionados a um tipo de processo criativo que não visava uma montagem específica.



3 comentários:

  1. Valeu Professor! Obrigado pelo conhecimento compartilhado durante o semestre!

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  2. Valeu Professor! Obrigado pelo conhecimento compartilhado durante o semestre!

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  3. Obrigada pelas críticas e questões colocadas. Foi muito enriquecedora essa experiência para mim. O trabalho continua...

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