quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Música, processo criativo e observação

Eis algumas diretrizes para auxiliar quem trabalha com a observação de processos criativos que possuem interface com criatividade sonora.

1-Fontes sonoras.  primeira coisa identificar as fontes sonoras: vocais, instrumentais, pré-gravadas, objetos de cena. Aprender a distinguir estes sons em função de sua materialidade. Há diversas classificações e exercícios para isso.  As diferenças na produção do som enriquecem um espetáculo, contribuem para melhor compreender sua definição. Podemos ter espetáculos que se valem apenas das variações no uso das vozes de seus atores. Isso pode ser combinado com os sons produzidos por objetos de cena. Neste momento, que é mais de sua percepção, o importante é distinguir os diversos modos pelos quais os sons são produzidos. Isto é básico para correlacionar os sons com sua compreensão cênica. Estes sons podem ser manipulados, promovendo efeitos múltiplos. Podemos localizar o som, relacionar o som com algum contexto. podemos dissociar o som de seu contexto. Podemos problematizar a fonte sonora, fazendo com que o ouvinte tenha dificuldade em identificar o som que ele ouve com a coisa ou sujeito que a produz. Estes mecanismos trabalham com a relação que ouvintes fazem com os sons. Os sons acontecem em um dado lugar por meio de agentes materiais. Essa normalidade pode ser complicada, explorada. Com isso, o ouvinte justapõe o evento que ouve agora com suas expectativas, provocando um estranhamento. Este estranhamento pode ser explorado em diversos níveis. A dissociação entre o som e a fonte pode ser explorada também na dissociação entre som e imagem, entre o que se ouve e o que se vê. O modelo habitual é a simultaneidade: vemos o que produz som. Podemos separar e intensificar uma e outra experiência ou ampliar ambas. 

2- dramaturgia. Este tópico se refere a tradições de utilização do som. Por exemplo: a dramaturgia ateniense tinha um conjunto de práticas relacionados ao som, com foco no coro, e depois com a utilização de canções de personagem. A ópera possui sua tradição, com diversas modalidades. O musical norte-americano também. O cinema musical. As tradições populares. E assim vai. Então um ponto importante é estudar essas tradições, ver as tradições como repertório de formas de organização da cena musicada. Tais tradições projetam modelos, formas de distribuição das partes, distribuição da densidade sonora de um espetáculo. 
3- parâmetros psicoacústicos. Fundamental para o pesquisador é desenvolver sua sensibilidade para sons e sua produção, ser capaz de identificar a diversidade de fontes sonoras e suas materialidades e efeitos. Assim, saber distinguir as características de um som - sua cor(timbre), sua textura, sua frequência, intensidade. Em um momento posterior se habilitar a registrar este sons, seja por meio de notação tradicional, seja por meio de softwares de processamento de som.
4- registro/reprodução de sons.  A captação de som e seu tratamento em uma DAW é fundamental para quem pesquisa sonoridades, pois o registro do som precisa ter qualidade e seu processamento em uma DAW vai tornar possível a análise desse som e sua documentação em arquivos, os quais são transferidos para outras pessoas. 


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